quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Disputa eleitoral superlota IJF




Neste período pré-eleitoral, uma média de 32 ambulâncias oriundas do Interior chegam ao IJF por dia (Foto: J. Luís)

Segundo o hospital, a média de ambulâncias vindas do Interior passou de 700 para 900, nos últimos dois mesesComo se já não bastasse o Instituto Doutor José Frota (IJF) apresentar a superlotação como um dos problemas mais recorrentes no dia-a-dia, o período chamado de pré-eleitoral tem contribuído para piorar essa situação. Conforme o superintendente do hospital, Wandenbergue Rodrigues, em agosto e setembro últimos, a quantidade de ambulâncias na unidade terciária cresceu, e muito. No período, foram 1.939 carros oriundos do Interior e, até mesmo, de municípios vizinhos.Para se ter uma idéia, segundo Rodrigues, em 31 dias, referentes ao mês de agosto, chegaram ao Frotão 977 ambulâncias, gerando uma média de quase 32 veículos por dia. Em setembro, o total foi de 962, resultando em média diária semelhante. Enquanto que, como esclareceu, o usual é de 700 a 720 carros por mês. A explicação dada pelo superintendente do IJF é que, pela proximidade das eleições, “os eleitores reconhecem que o candidato levou o paciente para o IJF e, ainda, mandou buscar”.Na corrida para ganhar a disputa pelo cargo na prefeitura municipal, muitos chegam a recorrer às denominadas “ambulâncias piratas”, como denuncia Rodrigues. Por não serem regularizadas, os carros sequer adentram nas dependências do hospital. Por isso mesmo, os pacientes são deixados nas calçadas para receberem o atendimento. “É uma coisa brutal”, descreve .Por outro lado, há os veículos cadastrados que, apesar de oficiais do órgão municipal, também não oferecem a atenção necessária aos doentes. O superintendente comenta que a recomendação dada pelo IJF é que as ambulâncias esperem, pelo menos, que os pacientes sejam atendidos para serem lavados às suas cidades de origem. “Não se pode usar a saúde para esses fins. A orientação é para dizer que os motoristas esperem para levar o doente de volta. Nem isso querem fazer. Não se pode jogar o paciente, existe a solidariedade com o sofrimento do outro”, reflete.Segundo Wandenbergue Rodrigues, a luta pelo voto agrava-se em decorrência de mais dois fatores: a falta de investimento nos hospitais municipais e o direcionamento errôneo para o IJF. “Se o hospital mais próximo fosse resolutivo, não teria a necessidade de deslocar para Fortaleza. O custo é muito maior para a Capital”.É o exemplo da aposentada Maria Lopes Saraiva, 68 anos. Na companhia de seu marido, Cícero Saraiva, ele esperava atendimento. Em Iparaipaba, onde moram, a fratura no fêmur de Maria não pôde ser resolvida. Por conta disso, desde domingo, a aposentada era mais uma na fila nos corredores. “Lá, disseram que ela não tinha nada”, afirma o esposo.Dos municípios que mais enviaram ambulâncias para o hospital, Rodrigues enumerou que, em setembro, foram 594 de Caucaia e 460 de Maracanaú. O Diário do Nordeste procurou os assessores de imprensa das duas prefeituras citadas, mas eles não atenderam às ligações feitas ontem à tarde.
JANINE MAIARepórter

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