terça-feira, 29 de novembro de 2011

Carreiras de risco terão aposentadoria especial


Servidores que exerçam funções perigosas poderão requerer benefício mais cedo
Governo cedeu à pressão de categorias e deve mudar projeto que estabelece o novo modelo previdenciário
VALDO CRUZ
MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA Para aprovar o novo modelo de previdência do servidor público, o governo Dilma Rousseff cedeu à pressão das categorias e aceitará a criação de uma aposentadoria especial para servidores cujas funções coloquem em risco sua integridade física.
Entram na definição policiais federais, rodoviários federais e médicos que trabalhem em regiões de fronteira, entre outras atividades. Não há estimativa de quantos são esses servidores, mas só a PF tem 14 mil agentes.
A medida constará no relatório final do projeto de lei que cria o novo modelo previdenciário.
Maior aposta para acabar, a médio e longo prazo, com o deficit da Previdência, a proposta tramita na Câmara desde 2007 e deve ser votada até o final deste ano.
A ideia do governo é permitir que servidores que exercem funções de risco se aposentem mais cedo que outras categorias.
Ainda não foi definido como essa redução de tempo de serviço ocorrerá.
Para garantir a aposentadoria especial, o governo vai propor que a contribuição sobre os salários para o fundo seja um pouco mais alta, de 8,5% contra os atuais 7,5%, tanto da parte da União como destes servidores.
O projeto de lei original, enviado pelo Executivo, não previa regra específica para essas funções.
O governo também vai propor um novo modelo ­-chamado de fundo de longevidade- para pagar a aposentadoria das pessoas que tiverem de receber o benefício por mais tempo do que o calculado nas regras do modelo de previdência (25 anos).
RESISTÊNCIAS
O Palácio do Planalto já havia recuado de sua proposta de criar um único fundo de previdência para os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e de terceirizar sua gestão.
A intenção é diminuir as resistências de integrantes da própria base aliada, como PT, PDT e PC do B, e viabilizar a votação da proposta em, no máximo, 15 dias.
A equipe presidencial, porém, mantém seu veto ao pedido do PT de elevar a contribuição geral da União de 7,5% para 8,5%, sob o argumento de que isso contraria o objetivo da medida, que é reduzir gastos da União com as aposentadorias do setor público.
O projeto em tramitação na Câmara cria, para os servidores contratados após a sua futura aprovação, um novo modelo de aposentadoria similar ao do setor privado.
O servidor terá o benefício bancado pela União até um determinado valor (R$ 3.691,7, em números de hoje), contribuindo para o INSS nas mesmas regras do setor privado.
Para ganhar acima deste teto, ele terá de contribuir para um fundo de previdência complementar.
DEFICIT
Pelos cálculos do governo federal, os fundos do setor público vão ter uma taxa de administração baixa e um elevado número de contribuintes, garantindo que os seus beneficiários ganhem como aposentados cerca de 90% da média dos seus últimos 80 salários.
Atualmente, há 950 mil aposentados e pensionistas na União, o que gera um deficit estimado neste ano em R$ 57 bilhões.
Enquanto isso, no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que banca a aposentadoria do setor privado e tem mais de 20 milhões de aposentados e pensionistas, o deficit do setor é de R$ 35 bilhões.
No sistema atual, que o governo planeja substituir, servidores ativos e inativos contribuem com uma alíquota de 11% para seu sistema de seguridade social e asseguram uma aposentadoria próxima ou igual ao valor integral de seu salário

IJF atendeu 669 pacientes no fim de semana


A Prefeitura de Fortaleza, através do Instituto Dr. José Frota (IJF), realizou 669 atendimentos no último fim de semana – compreendido entre sexta-feira, 25 de novembro, às 19h, até esta segunda-feira, 28 de novembro, às 7h. O hospital atendeu 167 casos de violência no trânsito. Foram 125 acidentados de moto, 18 vítimas de abalroamentos, 12 de atropelamentos, 1 de capotamento, 9 de colisões e 2 queda de carro em movimento.
O IJF recebeu, ainda, 26 de agressões físicas, 17 de lesões por arma branca e 19 por arma de fogo. Também chegaram ao hospital, 53 vítimas de quedas da própria altura, 10 de picadas de animais peçonhentos e 37 de queimaduras.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

IJF receberá incentivo anual de R$ 3,6 milhões em programa de qualificação

 

A iniciativa tem o objetivo de qualificar a gestão e atendimento das emergências em grandes hospitais atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
A emergência do Instituto Doutor José Frota receberá R$ 3,6 milhões anuais através do programa S.O.S Emergências, criado pelo Ministério da Saúde.

A iniciativa tem o objetivo de qualificar a gestão e atendimento das emergências em grandes hospitais atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Além dos recursos anuais, que deverão ser utilizados para custear a ampliação e qualificação da assistência da emergência, o IJF também pode chegar a receber até R$ 3 milhões para aquisição de equipamentos e realização de obras e reformas na área física do pronto-socorro, conforme necessidade e aprovação de proposta.

Outras medidas, como o acolhimento e classificação de risco dos pacientes, organização da gestão de leitos, fluxos de internação e a implantação de protocolos clínico-assistenciais e administrativos, serão tomadas dentro do programa.

A assinatura do termo de compromisso do programa S.O.S Emergências tem previsão para o dia 16 de dezembro, com presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O IJF está entre os 11 grandes centros de saúde do País incluídos pelo Ministério da Saúde na fase inicial do programa. Todos foram escolhidos por serem referências regionais, possuírem mais de 100 leitos, terem pronto-socorro e realizarem grande número diário de internações e atendimentos ambulatoriais.

O programa


O S.O.S Emergências foi lançado no último dia 8 de novembro, em Brasília, pela presidente Dilma Rousseff, e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O Ministério da Saúde planeja que, até 2014, o programa esteja implementado em 40 hospitais de grande porte em todo o Brasil.
Redação O POVO Online

IJF atendeu 543 pacientes no fim de semana


A Prefeitura de Fortaleza, através do Instituto Dr. José Frota (IJF), realizou 543  atendimentos no último fim de semana – compreendido entre sexta-feira, 18 de novembro, às 19h, até esta segunda-feira, 21 de novembro, às 7h. O hospital atendeu 126 casos de violência no trânsito. Foram 88 acidentados de moto, 11 vítimas de abalroamentos, 9 de atropelamentos, 5 de capotamentos, 12 de colisões e 1 queda de carro em movimento.

O IJF recebeu, ainda, 38 de agressões físicas, 14 de lesões por arma branca e 23 por arma de fogo. Também chegaram ao hospital, 39 vítimas de quedas da própria altura, 10 de picadas de animais peçonhentos, 25 de queimaduras e 3 acidentes na prática de esportes.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Balanço Feriado Prolongado da Proclamação da República


A Prefeitura de Fortaleza, através do Instituto Dr. José Frota (IJF), realizou 1.193  atendimentos no último feriado – compreendido entre sexta-feira, 11 de novembro, às 19h, até esta terça-feira, 16 de novembro, às 7h. O hospital atendeu 256 casos de violência no trânsito. Foram 160 acidentados de moto, 12 vítimas de abalroamentos, 26 de atropelamentos, 5 de capotamentos, 52 de colisões e 1 queda de carro em movimento.

O IJF recebeu, ainda, 69 pessoas oriundas da violência urbana, sendo 42 de agressões físicas, 14 de lesões por arma branca e 13 por arma de fogo. Também chegaram ao hospital, 71 vítimas de quedas da própria altura e 34 de picadas de animais peçonhentos.

sábado, 12 de novembro de 2011

28% dos acidentados na Capital consumiram bebida alcoólica

Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 28,6% dos acidentados com mais de 0,6 g/l de álcool na corrente sanguínea são de Fortaleza. Em seguida aparecem Recife, com 24,6%, e Manaus (19,8%)  

       
Campanha alerta motoristas sobre o perigo de beber e dirigir

 (GABRIEL GONÇALVES) Campanha alerta motoristas sobre o perigo de beber e dirigir (GABRIEL GONÇALVES)
Fortaleza lidera o número de acidentados no trânsito que haviam ingerido bebida alcoólica, segundo dados da pesquisa “Consumo de Álcool e os acidentes de trânsito”, que comparou o perfil dos acidentados alcoolizados no trânsito de Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, São Paulo e Curitiba. A Capital também liderou os números entre os que mais consumiram álcool, com índice acima de 0,6 gramas de etanol por litro de sangue. Fortaleza foi responsável por 28,6% dos acidentados, seguido por Recife (24,6%) e Manaus (19,8%).

Na capital cearense, a divisão dos acidentados que estavam alcoolizados foi a seguinte: 34% eram motociclistas; 27% eram pedestres; 11% eram ciclistas; e 9% de motoristas. Do total de pedestres atropelados, 43% estavam alcoolizados, informa a coordenadora da pesquisa em Fortaleza, Regina Elias.

Para conscientizar motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas, foi promovida a campanha “Vida Sim, Álcool Não”. Equipes da Secretaria Executiva Regional (SER) III foram à avenida Bezerra de Menezes, na manhã de ontem, distribuir folhetos e estender faixas, enfatizando que álcool e trânsito não combinam. O estudante Max Millen aprovou a iniciativa, entretanto, cobrou mais fiscalização. “O problema está na impunidade”, opina.

“Até o começo de novembro deste ano, foram 40 mil mortes no trânsito brasileiro, já ultrapassando todo o ano de 2010”, informa Max Swell Ribeiro, coordenador do Fórum Brasileiro de Trânsito. Os altos números levaram a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal a aprovar uma lei de tolerância zero, proibindo os motoristas de consumirem qualquer quantidade de álcool antes de dirigir.

Metabolismo do álcool

Segundo a médica generalista Geórgia Fortes, o metabolismo do álcool varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, o homem tem uma capacidade de tolerar o álcool maior do que a mulher. “Primeiro o álcool provoca uma euforia. Depois, ele atua como depressor do sistema nervoso central, levando à diminuição de reflexos e perda de equilíbrio”, afirma.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica como parâmetro que o organismo absorve 7 gramas de álcool por hora. Uma lata de cerveja de 350ml (com concentração alcoólica de 5%) tem 17 gramas de etanol. Assim, seriam necessárias três horas para metabolizar todo o álcool consumido. A médica Geórgia Fortes ressalta que os cálculos servem apenas de referência, pois as pessoas tem níveis diferentes de tolerância ao álcool, dependendo do peso, da frequência de consumo de bebidas alcoólicas ou por portar alguma doença hepática.

O quê


ENTENDA A NOTÍCIA
Em 2011, o trânsito brasileiro já matou mais de 40 mil pessoas. De acordo com pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, Fortaleza lidera o número de acidentados que consumiram bebida alcoólica.

Saiba mais

A pesquisa foi divulgada este ano, mas os dados são de 2009. Para realizar o estudo, pesquisadores ficaram de plantão durante sete dias nos principais serviços de emergência e nos Institutos Médicos Legais (IML).

De acordo com a pesquisa, 32% dos motoristas admitiram ingerir bebida alcoólica duas horas antes do acidente. “O IJF atende mais vítimas de acidentes de trânsito do que os três grandes hospitais de São Paulo juntos”, diz Regina Elias.

Índices de alcoolemia:

Motociclista: 34%
Pedestre: 27%
Ciclista: 11%
Motorista: 9%

Acidentes por tipo de veículo:

Motocicleta: 52%;
Automóvel: 14,6%
Bicicleta: 14,6%



Geimison Maia
geimison@opovo.com.br

Acidentes com motos fazem 896% mais vítimas

Cada vítima deste tipo de acidente custa em média para o IJF exatos R$ 8 mil. Já na UTI, sobe para R$ 36 mil
O baixo custo e a facilidade de crédito para aquisição fazem da motocicleta o meio de transporte que mais cresceu nos últimos anos. Porém, pessoas não habilitadas e sem conhecimento da legislação de trânsito vem adquirindo este meio de transporte, o que contribui para um aumento drástico nas mortes nas vias.

A ingestão de álcool por estes condutores e a ausência de fiscalização também são fortes contribuintes para o aumento desta violência. Pelo menos é o que afirma o diretor executivo do Instituto Doutor José Frota (IJF), Casemiro Dutra. Ele informou que no hospital os acidentes de moto tiveram um aumento de 896% em uma década.

Em 2000, os mesmos somavam-se 670, já em 2010 este quantitativo vai para 6.300. E isso quando se contabiliza apenas os condutores da moto. Houve um momento em que a demanda estava tão alta, que o IJF decidiu colocar os demais atores envolvidos neste tipo de acidente, como os passageiros, em outras categorias de acidente de trânsito.

O pior é que o tratamento de cada paciente de acidente de moto, sem ter que ir para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), custa exatos R$ 8 mil. Já os que necessitam ir para a unidade o custo salta para R$ 36 mil.

"Se consideramos que os 6.300 pacientes de 2010 custaram apenas R$ 8 mil, mesmo assim o valor desembolsado com estes chegaria a R$ 5 mi. O que poderia ser investido em prevenção", disse Dutra.

Já os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) comprovam a falta de fiscalização existente no Ceará. De acordo com o órgão, até junho a frota de motocicletas do Estado correspondia a exatas 794.697 motos. Porém, o número de condutores habilitados não condiz com quantitativo que trafega nas vias, pois existem apenas 143.232 habilitados no Ceará.

O crescimento desta frota também disparou nos últimos anos, se em 2001 tínhamos o equivalente a 192.557 motos, hoje elas já somam 794.697. Ou seja, houve uma variação de 321,7%.

A quantidade de motociclistas mortos em acidentes de trânsito de janeiro a agosto deste ano corresponde a 502 pessoas. Dentro do universo de 1.320 óbitos, estes motociclistas representam 38% do geral. De acordo com os dados do Detran-CE, de 2002 até junho de 2011 foram morreram 3.847 motociclistas envolvidos nestes acidentes.

Para a doutora e professora do Departamento de Engenharia de Trânsito da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Elizabeth Pinheiro Moreira, todas essas mortes, assim como o elevado número de motociclistas acidentados que dão entrada no IJF são o reflexo da ausência de fiscalização e educação no trânsito.

"Não sei como o Estado, diante desta carência de fiscais para todo o Ceará, ainda promove a Carteira Popular de Habilitação para motociclistas, que é gratuita", indagou Elizabeth.

O programa Carteira Nacional de Habilitação Popular é um programa do gestão estadual, e foi instituída em 2009. Até hoje, já foram entregues 10 mil habilitações do tipo A, para condutores de motos.

O Detran-CE possui 350 agentes de fiscalização para todos o estado e 11 postos espalhados e pela região. Segundo o órgão, as blitze são feitas em parceria com a PM.
THAYS LAVORREPÓRTER
A opinião do especialista
Alegrias efêmeras
Não é de hoje que se conhece os prazeres e delícias do uso da motocicleta. Vento no rosto, sensação de liberdade, facilidade de serpentear os engarrafamentos, rapidez e economia. Quem não se sente atraído por esse universo? No Brasil, o aumento da frota de motos em 2010 foi de 12%. No Ceará, 70,8% da frota é de motocicletas e 13,2% de automóveis. Na Capital, a frota de motos já é de 35%. Pelas ruas das cidades, nos outdoors, TV e outras mídias, somos bombardeados pela mensagem de que a moto é a solução mais prática e barata ao problema de trânsito. As revendedoras comemoram o crescimento das vendas, os índices de crescimento econômico acompanham essa linha para o alto e o Brasil parece crescer a olhos vistos, certo? Nem tanto. Segundo dados do Ministério da Saúde, aumenta a cada ano o numero de motociclistas mortos nos "acidentes" de trânsito. Quem de fato ganha com essa aceleração das vendas? Quem lucra com isso? A população certamente não, à medida em que pessoas estão morrendo. O Estado muito menos, uma vez que os custos com os acidentes de trânsito no Brasil é da ordem de bilhões de reais por ano. O desafio posto mundialmente é que haja uma redução pela metade desses dados alarmantes. É preciso um plano de mobilidade para as cidades. A toda hora, anuncia-se que soluções estão sendo desenvolvidas para o nosso trânsito. Pelo que vejo, elas privilegiam abertura de vias para serem ocupadas por mais veículos. Carecemos de um plano participativo de mobilidade humana. Precisamos de políticas públicas que privilegiem outros modos de deslocamento e que tenhamos coragem de romper com os ditames mercadológicos e possamos priorizar a vida humana. A alegria efêmera da motocicleta é mais uma ilusão de consumo num mundo onde é preciso sobreviver e não viver.

Gislene Maia de Macêdo, psicóloga e pesquisadora em Mobilidade Humana

Equipe médica inova no tratamento de tumores

 


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Os médicos Cássio Cortez e Ormando Campos Júnior aplicam a nova técnica para tratar tumores
FOTO: FABIANE DE PAULA

Evolução de métodos cirúrgicos favorecem o surgimento de técnicas capazes de aumentar sobrevida de pacientes
Uma equipe médica cearense, que tem à frente o cirurgião oncológico Cássio Cortez dos Santos, está aplicando nova técnica no tratamento de tumores disseminados abdominais. Essa terapia pode dobrar o período médio de sobrevida de populações de pacientes portadores de carcinomatose peritonial.

Os médicos Cássio Cortez dos Santos e Marcelo Nogueira (cirurgiões oncológicos); Ormando Campos Júnior (oncologista clínico); Weiber Xavier (intensivista) e Rômulo Lôbo (anestesista) desenvolveram na unidade oncológica da Pronutrir, clínica parceira do Hospital São Mateus, uma nova opção no tratamento de tumores disseminados no abdômen. Esse procedimento é aplicado a partir da realização de cirurgia citorredutora associada à quimioterapia intraperitonial hipertérmica.

O câncer no peritônio (mesotelioma), formado na própria membrana, é considerado um tipo raro, que acontece de quatro a cinco numa população de 100 mil. Já o carcinomatose peritonial, que representa o estágio final de disseminação de vários tumores que se desenvolvem na cavidade abdominal, é um tipo mais frequente e que pode atingir cólon, ovário, apêndice e estômago.

Por um longo período, o carcinomatose peritonial foi considerado uma doença incurável, especialmente através de cirurgia. No entanto, a evolução das técnicas cirúrgicas e a disponibilidade de recursos terapêuticos inovadores no campo da cirurgia, do suporte intensivo em UTI pós-operatória e da anestesiologia, têm permitido abordagens cirúrgicas agressivas, mesmo no caso de implantes peritoniais disseminados.

Com base nestes avanços da Medicina, a equipe do Pronutrir buscou a abordagem mais inovadora que contemplasse as combinações entre a cirurgia de ressecção dos implantes (cirurgia citorredutora) e quimioterapia intraperitonial hipertérmica. Desse modo, tanto o cirurgião oncológico como o oncologista clínico desempenham um papel essencial na terapia: a operação cirúrgica(peritoniectomia) permite remover o tumor por completo ou para deixar um resíduo mínimo da doença.

O cirurgião Cássio Cortez explica o procedimento da técnica inovadora. "É um processo longo e difícil, que pode durar até 16 horas, e que consiste na remoção de todos os implantes peritoniais e dos órgãos abdominais acometidos, podendo ser necessária a remoção parcial ou total do estômago, baço, cólon, reto, vesícula biliar, bexiga e, nas mulheres, útero e ovários".

Após a cirurgia de ressecção, são colocados cateteres especiais no abdômen e realizada uma quimioterapia intraperitonial com o líquido aquecido a 42º, empregando-se para isto máquinas especiais de perfusão similares às máquinas de perfusão extracorpórea utilizadas em cirurgias cardíacas.

Esta técnica de perfusão associa os efeitos benéficos da instilação do quimioterápico adequado diretamente no local afetado, as ações da hipertemia, que por si só tem ainda poder de destruição de células tumorais, como também de permitir uma maior penetração dos quimioterápicos na superfície tumoral. Depois da perfusão, o paciente é submetido aos procedimentos de reconstrução do trânsito intestinal, o abdômen fechado e enviado à UTI.

Todo este tratamento visa ao controle de uma condição patológica que até então era considerada doença incurável e que invariavelmente levaria o paciente a óbito em um período médio de seis meses, disse. "De fato, observamos que esta terapia leva a dobrar-se o tempo médio de sobrevida de populações de pacientes com carcinomatose peritonial", justificou.

A cirurgia citorredutora já é realizada há vários anos em centros oncológicos no mundo e considerada padrão de tratamento para alguns tipos de tumores, como por exemplo, o pseudomixoma peritonial. Deve ser considerada após quimioterapia sistêmica em casos selecionados de tumores de cólon, ovário e estômago.

Saiba mais

Peritônio é uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e recobre órgãos como o estômago e os intestinos

Câncer de Peritônio pode ser classificado como primário e secundário. Chama-se primário, o câncer que se forma na própria membrana e secundário quando ele inicia em algum órgão da região - sobretudo intestinos, ovário, útero, estômago, pâncreas - e se implanta no peritônio.

SintomaS não são específicos, mas quando o CA primário no peritônio progride, favorece surgimento de nódulos, podendo causar dor abdominal e acúmulo de líquido. No secundário, o CA de outro órgão migra para peritônio provocando febre, fadiga e anemia

ADALMIR PONTEREPÓRTER

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

IJF poderá receber até R$ 6,6 milhões por ano do Governo Federal

A unidade hospitalar é uma das onze que foram incluídas no programa S.O.S Emergências, lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT)Acrísio Sena (e), prefeito em exercício, participou do evento. Ao lado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e Odorico Monteiro (DIVULGAÇÃO
) Acrísio Sena (e), prefeito em exercício, participou do evento. Ao lado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e Odorico Monteiro (DIVULGAÇÃO )
O Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, é uma das 11 unidades hospitalares do País que receberão apoio do S.O.S Emergências, ação estratégica para a qualificação da gestão e do atendimento em grandes hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade hospital poderá receber até R$ 6,6 milhões por ano.

O Governo Federal – juntamente com os gestores locais – promete promover o enfrentamento das principais necessidades do hospital, qualificar a gestão, ampliar o acesso aos usuários em situações de urgência e garantir atendimento ágil, humanizado e com acolhimento. A presidenta Dilma Rousseff, (PT) e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançaram ontem a ação durante evento em Brasília.

A iniciativa integra a Rede Saúde Toda Hora e tem início em mais 10 hospitais de grande porte, localizados em oito capitais: Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS). Os hospitais selecionados são referências regionais, possuem mais de 100 leitos, tem pronto-socorro e realizam grande número diário de internações e atendimentos ambulatoriais.

“Reconhecemos que a saúde pública deve, pode e precisa melhorar, e estamos atraindo, pra nós, a responsabilidade de liderar o processo em busca de uma saúde pública de qualidade”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff, durante lançamento do Programa. “Estamos criando um novo padrão de qualidade no atendimento das pessoas que procuram nossas emergências, da recepção aos ambulatórios, dos centros cirúrgicos às emergências. Começarmos pelos hospitais que tem mais dificuldades”, disse.

Recursos

O IJF receberá do Ministério da Saúde incentivo anual de R$ 3,6 milhões para custear a ampliação e qualificação da assistência da emergência. Também poderá receber até R$ 3 milhões para aquisição de equipamentos e realização de obras e reformas na área física do pronto-socorro, conforme necessidade e aprovação de proposta.

A unidade poderá, ainda, apresentar projetos para a criação de novos leitos de retaguarda e a qualificação para os leitos já existentes. São considerados leitos de retaguarda as enfermarias de leitos clínicos, enfermarias de leitos de longa permanência, UTIs, Unidades Coronarianas e Unidades de Atenção ao Acidente Vascular Cerebral.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O IJF é um pronto socorro especializado, cuja gestão é municipal. A unidade realiza, por mês, 1.100 internações. Foram 8,8 mil de janeiro a agosto de 2011.O Ministério da Saúde repassou, até o úlitmo mês de agosto, R$ 12,4 milhões para o hospital.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Emergência em Fortaleza

CE é destaque na formação
Ceará está na dianteira pelo reconhecimento da especialidade em emergência. Atuais e antigos gestores debatem sobre a superlotação nas emergências Nas emergências dos grandes hospitais públicos, há mais macas nos corredores que leitos (FOTOS EDIMAR SOARES) Nas emergências dos grandes hospitais públicos, há mais macas nos corredores que leitos (FOTOS EDIMAR SOARES)
Diante de um quadro de superlotação das emergências dos grandes hospitais, o Ceará figura posição de destaque na luta pelo reconhecimento da especialidade em Emergência. O Estado é o único do Norte e Nordeste e segundo no Brasil a oferecer residência de Medicina em Emergência. O outro estado é Porto Alegre.

A expectativa é que a formação desses profissionais acabe reforçando a luta para desafogar as emergências nos grandes hospitais. O POVO conversou com antigos e atuais gestores da saúde pública para lançar novas perspectivas para esse cenário de superlotação nas emergências.

A situação é grave e se repete ao longo dos anos sem uma resposta definitiva. Ontem, O POVO mostrou que o número de pacientes nos corredores chega a ser superior ao de leitos oferecidos nas emergências.

De acordo com o coordenador da turma de residência de medicina em emergência no Ceará, Frederico Arnaud, a formação de especialistas em emergência traz uma nova perspectiva para essa discussão. “A busca é por uma identidade. Atualmente, não existe vínculo afetivo ou cientifico com a área de emergência”.

Isso acaba refletindo na migração de profissionais nas emergências dos hospitais. “Com o reconhecimento da especialidade, poderemos lutar por melhorias nas condições físicas e científicas. Para ajudar a rede, o grupo tem de estar focado nessa área”.

Os quatro médicos da primeira turma de residência em Emergência se formaram esse ano. Em março, serão mais quatro. A previsão é de que em até dois anos a conscientização sobre a especialidade junto às classes médicas seja finalizado. O Conselho Federal de Medicina (CFM) deu parecer favorável.

Entretanto, nesse processo de conquista por melhorias na emergência, o Ceará sofre com a falta desse setor no hospital-escola. Desde 1992, a emergência do Hospital Universitário Walter Cantídio está fechada. Segundo o superintendente da unidade, Florentino Cardoso, não há previsão de reabertura. “O recurso federal que existe não é suficiente para a manutenção da emergência, por isso está fechada”, justifica. Ele acrescenta que o atendimento no hospital é exclusivo pelo Sistema Único de Saúde.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A construção de mais leitos de emergência é uma demanda real, mas não resolve. A falta de sincronia com a rede básica e secundária contribui na superlotação nos grandes hospitais. Ceará lidera discussão sobre reconhecimento da especialidade em Emergência.

Frases

Gestores divergem sobre responsabilidade da superlotação nas emergências


“Estamos cheios de pacientes do Interior no IJF e nos frotinhas. O município não tem condição de assumir mais nada. O Estado precisa agir”
 
Helly Ellery, coordenador da gestão hospitalar do Município

“Os hospitais estão superlotados porque atendem pacientes que não são do perfil de alta complexidade. Isso ocorre porque os pacientes não encontram vagas nos hospitais secundários ou postos de saúde”


Arruda Bastos, secretário estadual da Saúde 
Resumo da série

Tem mais paciente nos corredores do que nos leitos. O POVO visitou o IJF, HGF, Hospital de Messejana e Infantil Albert Sabin. Semana passada, eram 256 macas espalhadas pelos quatro hospitais de alta complexidade. O número acaba sendo superior ao total de leitos disponíveis para a emergência nessas unidades, que são 248. Em meio a esse cenário, o Ceará se destaca na luta pela especialidade médica em emergência. O Estado é o único do Norte e Nordeste e segundo do Brasil a oferecer residência de Medicina em Emergência. Formação desses profissionais pode reforçar a luta para desafogar as emergências.

Falta sincronia entre as redes básica, secundária e terciária

Mais leitos e maior sincronia entre a rede básica, secundária e terciária são apontados como as principais estratégias para reverter o cenário de superlotação nas emergências dos hospitais públicos da Capital. Segundo o deputado federal e ex-secretário estadual da Saúde, João Ananias, há uma desregulação entre a oferta de leitos e a demanda de pacientes.

“Chegam mais doentes graves do que os hospitais estão preparados para atender”, analisa. Ele aponta o fechamento da emergência do HUWC como um importante agravo desse cenário. “Ao invés de ampliação, tivemos foi a redução das emergências”, analisa. O subfinanciamento é outro ponto de destaque. “Faltam recursos para se investir mais”, classifica.

Sobre a melhor resolutividade nos hospitais de media complexidade, o ex-secretário da Saúde e diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz, levanta a discussão sobre melhoria no atendimento básico.

“Se não resolve na atenção primária, o paciente piora e vai para os hospitais terciários. Precisamos oferecer orientação adequada e agendamento de consultas dentro de um período recomendado para que o paciente possa ser avaliado sem ter complicações na intercorrência”. Anastácio propõe que todos os profissionais do Programa Saúde da Família passem por capacitações sistemáticas, garantindo uma educação continuada.

Falta consenso entre gestores


Aumentar o número de leitos é uma forma de melhorar o atendimento Aumentar o número de leitos é uma forma de melhorar o atendimento Estado e Município não chegam a um consenso sobre as causas que motivam essa situação. De um lado, o Estado reclama da presença de pacientes fora do perfil de alta complexidade.

Do outro lado, o Município acusa a alta demanda de encaminhamentos
do Interior.

Para o coordenador da gestão hospitalar do Município, Helly Ellery, o problema não é a sincronia da rede, mas a falta de hospitais que atendam os perfis da alta complexidade. Para ele, a construção de hospital na região metropolitana vai aliviar a demanda no IJF. A promessa da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) é que a nova unidade de saúde esteja pronta em 2013.
O Secretário estadual da Saúde, Arruda Bastos, aponta para a criação das unidades de pronto-atendimento (UPAs) como uma medida de curto prazo.

“O Estado se antecipou na construção de unidades que possam atuar diretamente na redução da superlotação das emergências”, classifica. A UPA de Maranguape foi inaugurada na semana passada e a previsão é de que as oito unidades espalhadas na Capital estejam em pleno funcionamento até o fim desse ano.

A ampliação dos leitos de retaguarda é apresentada também como estratégia. No Waldemar de Alcântara, por exemplo, foram 66 novos leitos. Já no Hospital da Policia Militar, serão mais 200 leitos.
Pelo Ministério da Saúde, o programa Saúde Toda Hora busca a integração dos serviços de urgência e emergência - com a maior comunicação entre as centrais de regulação do Samu, as UPAs, os Hospitais e as Unidades Básicas de Saúde. “A ideia é tornar o atendimento mais rápido e eficaz, reduzindo mortes ou sequelas ao paciente”, disse em nota o Ministério da Saúde. O programa prioriza o atendimento a traumas, problemas cardíacos e Acidente Vascular Encefálico.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CE é o 1º do NE e 3º do Brasil em mortes por acidentes

Em 2010, 683 pessoas morreram por causa de acidentes envolvendo motocicletas. O Estado é o terceiro do Brasil na estatística

O Ceará é o estado do Nordeste onde mais se morreu, em 2010, por causa de acidentes com motocicletas. Dos 1.965 óbitos envolvendo transportes terrestres, 683 foram por causa de motos. Em oito anos, o número de mortes por acidentes de moto foi o maior já registrado por aqui. Superou o ano de 2006 – até então o que apresentava o maior número de óbitos -, quando morreram 579 pessoas. Os dados, divulgados ontem pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, deixam os cearenses em alerta para a redução das estatísticas.

Em todo o Brasil, o Estado ocupa a terceira posição. Fica atrás apenas de São Paulo (1.518) e Paraná (759). Dados de setembro do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostram que o Ceará conta com uma frota de 797.181 motos. Já São Paulo, com 3.533.327. O Paraná tem 906.156. Para os órgãos de trânsito, a grande quantidade de motocicletas contribui para o aumento no número de acidentes. “As motos hoje correspondem a 42,5% da frota do Estado”, afirmou a diretora de Planejamento de Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Lorena Moreira.

Para completar, segundo ela, a frota concentra-se no Interior (618.305), onde apenas 49 municípios têm órgãos municipais de trânsito. “Nos municípios menores, já existe a cultura de andar sem capacete, andar sem habilitação e ainda faltam órgãos para fiscalizar”, justifica. Mas, os motociclistas da Capital não estão isentos. Segundo o inspetor Márcio Moura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Fortaleza, eles costumam avançar sinal, andar acima da velocidade permitida e ultrapassar pela direita.

Para reduzir as estatísticas, os órgãos de trânsito apostam em conscientização do motociclista e mais fiscalização. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, acredita que é preciso reforçar noções de educação no trânsito ao tirar a habilitação. A fiscalização é parceria na hora de reduzir os óbitos. De acordo com Lorena Moreira, do Detran, de segunda a quinta, no Estado, são feitas 12 blitze. E, de sexta a domingo, 20.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Não usar o capacete, ultrapassar o limite de velocidade. Atitudes que tem contribuído para o aumento no número de óbitos por acidentes de moto. Órgãos de trânsito apostam em educação e fiscalização.

 
Gabriela Meneses
gabrielameneses@opovo.com.br

Risco de morte é sete vezes maior

Quem anda de moto, está mais exposto a acidentes. O risco de morte para o motociclista chega a ser sete vezes maior do que para quem anda de carro. Se estiver sem capacete, o risco sobe para oito vezes. A constatação é do cirurgião vascular Lineu Jucá, do Instituto Dr. José Frota (IJF), hospital referência no atendimento a trauma.
O dado está registrado na dissertação de mestrado do médico, defendida na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na hora do acidente, segundo o médico, o motociclista está exposto a fraturas nos membros inferiores (64%), nos membros superiores (36%) e na cabeça (30%).


O motoboy Douglas Costa, 18, por exemplo, só tem meia hora para cada entrega. Ele conta que já furou filas e avançou sinal vermelho. Reconhece o risco, mas diz que “é o jeito”. “Já me acidentei e fraturei o braço”.

De cada 13 mortes por acidentes de moto, segundo Lineu Jucá, 12 foram por causa de traumatismo cranioencefálico. “E a falta do capacete contribui muito para isso”, alerta. Para o médico, o problema da quantidade de acidentes e mortes não é a moto, mas a forma como o veículo é utilizado.

“É preciso usar com responsabilidade”. No IJF, em setembro, 627 pessoas deram entrada na emergência, por causa de acidentes de moto. Em agosto, 654. Em julho, foram 675. A média do mês de julho foi a maior registrada este ano.

Superlotação nos corredores

Macas tomam os corredores dos grandes hospitais públicos da Capital. Semana passada, 256 estavam no IJF, HGF, Hospital de Messejana e Albert Sabin
No Hospital de Messejana, a emergência foi ampliada, agora possui 100 leitos. Mesmo assim, 25 pessoas continuam nos corredores (FOTOS EDIMAR SOARES) No Hospital de Messejana, a emergência foi ampliada, agora possui 100 leitos. Mesmo assim, 25 pessoas continuam nos corredores (FOTOS EDIMAR SOARES)
Tem mais paciente nos corredores do que nos leitos de emergência dos grandes hospitais públicos da Capital. Na semana passada, eram 256 macas espalhadas entre o Instituto Doutor José Frota (IJF), Hospital Geral de Fortaleza (HGF), de Messejana (HM) e Infantil Albert Sabin (Hias). O número acaba sendo superior ao total de leitos disponíveis para a emergência nessas unidades, que são 248.

No IJF, por exemplo, eram 155 pacientes em macas pelos corredores. A ocupação é quase quatro vezes maior que a prevista no setor de emergência, que conta com 40 leitos. O POVO visitou as emergências dos quatro hospitais públicos terciários, ou seja, de alta complexidade, e verificou a peleja dos pacientes em conseguir vaga nos leitos. Gestores públicos reconhecem a gravidade da situação - que se repete ao longo dos anos.

No único hospital terciário de trauma do Estado, o IJF, tem paciente que aguarda há um mês por cirurgia. O elevado número de macas pelos corredores impressiona. São, na maioria, motociclistas ou idosos, traumatizados, em busca de cirurgia. Cerca de 50% da demanda vem do Interior. A superlotação é tamanha que, em alguns momentos, os maqueiros têm dificuldade em circular com os pacientes que precisam realizar exames de imagem.

O diretor executivo Casemiro Dutra alerta que o envelhecimento da população e o aumento da violência no trânsito têm impacto direto na demanda. Ele explica que o aumento de leitos de emergência na unidade pode ser uma solução perigosa. “A concentração é perigosa, devemos atuar no processo de descentralização. Não é justo o paciente sair de um município longe para conseguir atendimento de politraumatismo”.

No HGF, o cenário de superlotação é semelhante. Pacientes são divididos por especialidade em um imenso salão que deveria servir como recepção da unidade. Durante o dia, o sol que passa pelos imensos janelões de vidro incomoda os pacientes. Quase não há espaço para os acompanhantes, que dividem o banheiro com pacientes.

Acidente vasculares cerebral (AVC), doenças renais,neurológicas e digestivas são as mais comuns. O diretor geral Zózimo Medeiros atenta para o número de pacientes fora do perfil de gravidade que chega à unidade. “É preciso fortalecer o acolhimento com classificação de risco. Muitos pacientes deveriam estar na rede secundária”, alerta.

Pacientes graves com doenças pulmonares e cardíacas se acumulam também nos corredores do Hospital de Messejana. Recentemente, a unidade ganhou uma ampliação na emergência. O número de leitos dobrou, chegando a 100 vagas. Porém, a demanda continua sendo maior que a prevista. Cerca de 25 pessoas estão nos corredores.

A diretora geral Socorro Martins ressalta a importância do fortalecimento da rede básica e secundária para garantir que o paciente crônico consiga tardar cada vez mais sua ida ao hospital.

As crianças não estão imunes a essa questão. No Hospital Infantil Albert Sabin, cerca de seis crianças e adolescentes estão nos corredores. Entretanto, os pacientes ficam em camas hospitalares e não em macas – como nas demais unidades de atenção terciária.

O diretor do Hias, Rogério Menezes, explica que o segundo semestre é considerado menos crítico. Mesmo assim, a demanda é superior ao número de leitos. São apenas 12. No primeiro semestre, época de maior incidência de doenças virais, a emergência chega a abrigar 30 pacientes.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A situação de superlotação nas emergências se repete nos quatro hospitais de alta complexidade da Capital. Ao todo, existem mais macas nos corredores do que leitos de emergência. O POVO acompanhou a dificuldade dos pacientes conseguirem vaga. Gestores públicos reconhecem a gravidade da situação - que não é nova.

Saiba Mais

Atenção primária
Também denominada de atenção básica se refere à assistência preventiva e de controle de doenças como diabetes, hipertensão. Atende casos de gripe, diarreia, lesões simples de pele, dor de cabeça, faz hidratação oral e venosa, prevenção ginecológica. O atendimento é prestado nas unidades básicas de saúde (postos de saúde) e pelas equipes do Programa Saúde da Família.

Atenção secundária
O atendimento é oferecido nos hospitais secundários e centro de especialidades médicas. Em Fortaleza, a população dispõe desse serviço nos hospitais Gonzaguinhas do José Walter, de Messejana e da Barra do Ceará; nos Frotinhas da Parangaba, Messejana e Antônio Bezerra; e no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Atenção terciária
O atendimento é constituído por serviços ambulatoriais e hospitalares especializados de alta complexidade e alto custo, tais como serviços de urgência e emergência e atenção ao paciente grave. São considerados hospitais de alta complexidade: Instituto José Frota (IJF), Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital de Messejana e Hospital Infantil Albert Sabin (Hias).

Raio X das emergências
Instituto Dr. José Frota (IJF)
Número de leitos de emergência - 40
Macas no corredor - 155
Situação - as macas com pacientes vão se acumulando nos corredores do hospital. Muitas pessoas acabam finalizando o atendimento sem passar por um leito de emergência. Maqueiros tem dificuldade em circular com pacientes que precisam ser encaminhados a exames.


Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
Número de leitos - 96
Macas no corredor - 70
Situação - a área que deveria ser para a recepção acaba abrigando dezenas de pacientes em macas. Cerca de 70 pessoas de várias especialidades se aglomeram no pátio. De dia, o sol forte acaba incomodando os pacientes e deixando a área mais quente. Acompanhantes improvisam com lençóis nas janelas como tentativa para amenizar a situação.

Hospital de Messejana (HM)
Número de leitos - 100
Macas no corredor - 25
Situação - mesmo com a ampliação no número de leitos de emergência, a situação ainda é preocupante. Cerca de 25 pacientes precisam ficar nos corredores aguardando vaga nos leitos. Pacientes com doenças respiratórias e cardíacas ficam na mesma área, aumentando as chances de infecção.

Hospital Infantil Albert Sabin (Hias)
Número de leitos - 12
Macas no corredor - 6
Situação - mesmo sendo considerado um período tranquilo – já que muitas das doenças infantis se apresentam sazonalmente – existem crianças aguardando por leito nos corredores do hospital. No primeiro semestre, quando se intensificam as doenças virais, a emergência chega a acumular 30 crianças nos corredores.

248 - Número de leitos de emergência
256 - Número de macas nos corredores
504 - Total de pacientes na emergência
 
Leia amanhã

O Ceará é o único do Norte e Nordeste e segundo do Brasil a oferecer residência em Emergência. A luta é para que essa especialidade seja reconhecida. Antigos e atuais gestores da saúde pública falam sobre ações rápidas e práticas para reverter a situação de superlotação nas emergências.

Viviane Gonçalves
vivi@opovo.com.br