terça-feira, 21 de outubro de 2008

PAUSA DESCONTRAÍDA

Data comemorada em meio ao plantão no hospital Num rápido momento de descontração, os profissionais comemoraram seu dia em pleno plantão do IJF (Foto: Thiago Gaspar)
Abraços fraternos, discursos lembrando os momentos difíceis vividos pela categoria e uma grande satisfação por salvar vidas, atenuar a dor e dar um alento àqueles que sofrem.Foi assim que os médicos plantonistas do Instituto Dr. José Frota (IJF), comemoraram, no sábado passado, o Dia do Médico. Apesar de contar com uma movimentação típica de fim de semana, em que até o começo da tarde já se registravam 223 atendimentos, os profissionais se reuniram na Sala dos Médicos, onde promoveram a confraternização.De forma discreta e sem chamar a atenção do grande número de pacientes que estava no IJF, inclusive aguardando atendimento nos corredores, os médicos organizaram uma pequena reunião embalada por bolos, salgados e refrigerante.MitoPara o chefe da Equipe de Emergência, Rogério Cruz Saraiva, há um mito de que o profissional de Medicina é um dos mais bem pagos. Segundo ele, ao mesmo tempo em que se desdobram para garantir um padrão de vida à altura da profissão, até por uma exigência da sociedade, também se vêm convivendo com o declínio das condições de trabalho.“Nossa alegria é exercer uma função que salva vida, que repara danos físicos e diminui os sofrimentos. No entanto, cada vez mais somos obrigados a trabalhar muito, enquanto que os serviços de atendimento se tornam mais precários”, disse Rogério Cruz, que destacou trabalhar de domingo a domingo, sem folgas.Entre os plantonistas houve também os que lembraram o fato de que a atividade exige estar alerta todas as horas do dia, o que implica que o telefone celular está sempre ligado e há sempre uma expectativa de ser acionado.“Minha jornada de trabalho é de 10 horas por dia, afora as 12 horas de plantão. Mesmo assim, me sinto feliz pela profissão e por ajudar quem sofre”, disse Maurício Cavalcante, cirurgião plástico.“Diariamente, salvamos vidas. É assim que trabalhamos numa urgência”, resumiu o médico Breno Pessoa. SEM DESCANSORotina para manter padrãoEntre os médicos que trabalham no plantão do Instituto Dr. José Frota (IJF), o maior hospital de urgência e emergência do Estado do Ceará, há pouca pausa para descanso, descontração ou celebrações, especialmente pelo fato de que estão sempre alertas para as ocorrências que chegam a todo momento.Essa situação de estresse e expectativa de poder ser acionado a qualquer hora ao longo do plantão é lembrada pelo médico José Arnon Santos, de 56 anos, 33 anos dedicados ao hospital.Ele explica que poderia já ter se aposentado, mas a possibilidade de redução de sua renda faz com que adie essa decisão, a despeito da longa jornada que ainda exerce em seu cotidiano corrido.“Vivemos momentos difíceis. Ainda hoje trabalho em plantões extras como forma de garantir a complementação salarial”, confessou à equipe de reportagem.O médico lembrou que o ideal seria comemorar o Dia do Médico com a família ou com os colegas, não necessariamente no ambiente de trabalho.Apesar do plantão, Arnon demonstrava grande contentamento pela profissão, vital para salvar vidas. “Há que se comemorar a data e reconhecer nossa vocação a favor da humanidade”, destacou.

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