segunda-feira, 14 de julho de 2008

Jornal O POVO - Política

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Política

14/07/2008 00:42
O Instituto Dr. José Frota adotou uma medida no mínimo polêmica: os candidatos a prefeito estão proibidos de entrar no hospital. Isso mesmo. A ordem é não deixar ninguém passar. A determinação partiu do gabinete da prefeita. Antes da medida, o setor jurídico foi acionado. Uma portaria foi cogitada. Avaliou-se que não seria necessário. Oficialmente, o argumento é a lei eleitoral, que não permite que equipamentos públicos sejam usados eleitoralmente. À Coluna, a diretoria do hospital confirmou a informação e justificou a restrição: "Não se pode fazer campanha dentro de hospital. Em qualquer lugar do Brasil", diz o superintendente Wandenberg dos Santos. O argumento é razoável. Mas não explica tudo. O real motivo para que os prefeituráveis não tenham acesso aos corredores do prédio apareceu nas páginas dos jornais e canais de televisão na semana passada. No primeiro dia de campanha (domingo, 6) a candidata à Prefeitura pelo PDT, Patrícia Saboya, foi ao IJF. Antes, avisou à imprensa. Menos de uma hora depois, "tragédia", "falta de gestão" e "crueldade" foram algumas das pesadas críticas que a pedetista disparou contra a administração de Luizianne Lins, que concorre à reeleição. No O POVO do dia seguinte, por exemplo, a visita de Patrícia foi assunto para mais de meia página. Com a ordem expressa para barrar os adversários, a candidatura petista acusou o golpe. VESPAS E JALECOS Pelo tamanho, complexidade e recursos que consome, o "Frotão" é peça central em qualquer debate sobre saúde. Não só de Fortaleza. Mas com desdobramentos em todo o Estado. Nessa perspectiva, alguém que pretende administrar a Capital - incluindo o difícil gargalo da saúde pública municipal - não tem o direito de circular pelos corredores de um hospital, abordando funcionários, pacientes e familiares? E qual a extensão dessa proibição? A prefeita-candidata vai poder entrar no IJF ou também será barrada na porta? E os médicos candidatos a vereador? A proibição acontecerá em todos os ambientes da área da saúde do Município? Como dito acima, é uma questão polêmica. Outro ponto a ser considerado para a decisão da Prefeitura é o ambiente político interno no "Frotão". Não é nada favorável a Luizianne. Lá, há graves distorções salariais entre os médicos. Nas discussões sobre os PCCSs, a petista resolveu comprar a briga, para dar um mínimo de equilíbrio entre esses servidores. A turma do jaleco que recebia gordos salários, obviamente, reagiu. O hospital virou um vespeiro. Em novembro de 2007, uma greve estourou. O movimento foi considerado ilegal pela Justiça. A Coluna apurou que nesse caldo se formou um foco anti-luizianne, que acabou se aproximando do candidato a prefeito pelo DEM, Moroni Torgan. A ida de Patrícia lá, na semana passada, teria o objetivo de atrair a simpatia desses profissionais.

Um comentário:

Unknown disse...

Autoritarismo e arbitrariedade têm sido marcas registradas desta administração em todos os escalões. Se não vejamos.Há pouco tempo a imprensa foi impedida de exercer o trabalho que lhe é de direito sob a alegativa de que não seria correto expor as imagens dos pacientes. E o que há de correto em deixar homens e mulheres seminus, pois faltam roupas e lençóis, dias e dias sobre macas? É justo um idoso dormindo no chão, sem um mínimo de dignidade, por falta de um leito ou pelo menos de uma maca? Provavelmente a prefeita não encontraria um grupo expressivo de simpatizantes da atual gestão, caso visitasse o nosso hospital, então, usando do poder, sob o escudo da lei eleitoral, proíbe a visita de qualquer candidato. Será que tal atitude mudará o nosso pensamento?