terça-feira, 6 de setembro de 2011

Metade das famílias recusa doação

Relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta o Ceará no primeiro lugar de transplante de fígado do PaísNúmero de transplantes no Ceará tem aumentado. Na foto, cirurgiões realizam cirurgia experimental num porco  (MAURI MELO) Número de transplantes no Ceará tem aumentado. Na foto, cirurgiões realizam cirurgia experimental num porco (MAURI MELO)
No Brasil, 52% das 1.736 famílias abordadas no primeiro semestre deste ano foram contrárias à doação de órgãos dos parentes potenciais doadores. A informação foi retirada do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), relatório elaborado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

A negativa familiar leva em consideração as entrevistas feitas com as famílias. No Ceará, nesse período, houve 187 potenciais doadores. Desses, 71 doações foram efetivadas. Houve 50 negativas familiares, mas o relatório não aponta quantas famílias foram abordadas.

O destaque dado ao Ceará foi o primeiro lugar do Brasil em transplantes de fígado por cada milhão de habitantes. Entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram realizados no Estado 77 transplantes de fígado; ou seja, 20 a mais que no mesmo período de 2010.

Assim, o Estado passou de 13,2 transplantes por milhão da população em todo o ano passado para 18,2 transplantes no primeiro semestre deste ano. Até ontem, o Estado realizou 767 transplantes de órgãos e tecidos.

O mês em que mais houve cirurgias do tipo foi março, com 124, seguido de agosto (com 116) e abril (109). Os dados são da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Foram 173 transplantes de rim, 451 de córneas, 15 de coração, 106 de fígado e 10 de medula óssea, dentre outros.

Meta é mil transplantes

De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa, a expectativa é de que o número total de transplantes ultrapasse logo a quantidade do ano passado, antes mesmo do fim deste ano.

Segundo ela, a meta é chegar aos mil transplantes. O crescimento contínuo em cirurgias de transplante se deve a vários fatores, segundo a coordenadora da Central. “A descentralização da captação, o investimento do Estado, com mais hospitais envolvidos e a sensibilização das pessoas, além de termos uma sociedade, de uma maneira geral, mais esclarecida e solidária”, lista Eliana.

Ela cita também que os meios de comunicação têm papel fundamental nesse processo, ao ajudar no repasse de informações à sociedade. Quanto às causas apontadas para a não-efetivação da doação, são enumeradas a contraindicação médica (como a demora no diagnóstico e a manutenção inadequada) e a negativa familiar, em recusar a doação do órgão que pertence ao familiar tido como potencial doador.


ENTENDA A NOTÍCIA
O número de transplantes realizados no Ceará, em média, tem aumentado. Em 2006, foram 446. No ano de 2007, 618. Em 2008, foram 739. No ano seguinte, houve 767. Em 2010, mais um crescimento, com 872 operações.

SERVIÇO
O telefone da Central de Transplantes é: (85) 3101 5255.

A página da Secretaria da Saúde do Estado
na Internet é: www.saude.ce.gov.br.

SAIBA MAIS

De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, da ABTO, a taxa de negativa familiar (de 52%) foi analisada nos estados que enviaram o número de entrevistas. O número era esperado pelas estimativas.

Dos 187 potenciais doadores do Ceará, no primeiro semestre deste ano, houve 50 negativas da família. Mas o número de entrevistas feitas não foi informado pelo Estado.

Segundo Eliana Barbosa, coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, o número de entrevistas realizadas “é um dado novo”. Por isso, ainda está sendo coletado pelo Estado. Ela estima que a negativa familiar seja responsável por 24% da não-efetivação da doação. Só perde para a contraindicação médica.

Daniela Nogueira
danielanogueira@opovo.com.br

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