sábado, 12 de novembro de 2011

Equipe médica inova no tratamento de tumores

 


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Os médicos Cássio Cortez e Ormando Campos Júnior aplicam a nova técnica para tratar tumores
FOTO: FABIANE DE PAULA

Evolução de métodos cirúrgicos favorecem o surgimento de técnicas capazes de aumentar sobrevida de pacientes
Uma equipe médica cearense, que tem à frente o cirurgião oncológico Cássio Cortez dos Santos, está aplicando nova técnica no tratamento de tumores disseminados abdominais. Essa terapia pode dobrar o período médio de sobrevida de populações de pacientes portadores de carcinomatose peritonial.

Os médicos Cássio Cortez dos Santos e Marcelo Nogueira (cirurgiões oncológicos); Ormando Campos Júnior (oncologista clínico); Weiber Xavier (intensivista) e Rômulo Lôbo (anestesista) desenvolveram na unidade oncológica da Pronutrir, clínica parceira do Hospital São Mateus, uma nova opção no tratamento de tumores disseminados no abdômen. Esse procedimento é aplicado a partir da realização de cirurgia citorredutora associada à quimioterapia intraperitonial hipertérmica.

O câncer no peritônio (mesotelioma), formado na própria membrana, é considerado um tipo raro, que acontece de quatro a cinco numa população de 100 mil. Já o carcinomatose peritonial, que representa o estágio final de disseminação de vários tumores que se desenvolvem na cavidade abdominal, é um tipo mais frequente e que pode atingir cólon, ovário, apêndice e estômago.

Por um longo período, o carcinomatose peritonial foi considerado uma doença incurável, especialmente através de cirurgia. No entanto, a evolução das técnicas cirúrgicas e a disponibilidade de recursos terapêuticos inovadores no campo da cirurgia, do suporte intensivo em UTI pós-operatória e da anestesiologia, têm permitido abordagens cirúrgicas agressivas, mesmo no caso de implantes peritoniais disseminados.

Com base nestes avanços da Medicina, a equipe do Pronutrir buscou a abordagem mais inovadora que contemplasse as combinações entre a cirurgia de ressecção dos implantes (cirurgia citorredutora) e quimioterapia intraperitonial hipertérmica. Desse modo, tanto o cirurgião oncológico como o oncologista clínico desempenham um papel essencial na terapia: a operação cirúrgica(peritoniectomia) permite remover o tumor por completo ou para deixar um resíduo mínimo da doença.

O cirurgião Cássio Cortez explica o procedimento da técnica inovadora. "É um processo longo e difícil, que pode durar até 16 horas, e que consiste na remoção de todos os implantes peritoniais e dos órgãos abdominais acometidos, podendo ser necessária a remoção parcial ou total do estômago, baço, cólon, reto, vesícula biliar, bexiga e, nas mulheres, útero e ovários".

Após a cirurgia de ressecção, são colocados cateteres especiais no abdômen e realizada uma quimioterapia intraperitonial com o líquido aquecido a 42º, empregando-se para isto máquinas especiais de perfusão similares às máquinas de perfusão extracorpórea utilizadas em cirurgias cardíacas.

Esta técnica de perfusão associa os efeitos benéficos da instilação do quimioterápico adequado diretamente no local afetado, as ações da hipertemia, que por si só tem ainda poder de destruição de células tumorais, como também de permitir uma maior penetração dos quimioterápicos na superfície tumoral. Depois da perfusão, o paciente é submetido aos procedimentos de reconstrução do trânsito intestinal, o abdômen fechado e enviado à UTI.

Todo este tratamento visa ao controle de uma condição patológica que até então era considerada doença incurável e que invariavelmente levaria o paciente a óbito em um período médio de seis meses, disse. "De fato, observamos que esta terapia leva a dobrar-se o tempo médio de sobrevida de populações de pacientes com carcinomatose peritonial", justificou.

A cirurgia citorredutora já é realizada há vários anos em centros oncológicos no mundo e considerada padrão de tratamento para alguns tipos de tumores, como por exemplo, o pseudomixoma peritonial. Deve ser considerada após quimioterapia sistêmica em casos selecionados de tumores de cólon, ovário e estômago.

Saiba mais

Peritônio é uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e recobre órgãos como o estômago e os intestinos

Câncer de Peritônio pode ser classificado como primário e secundário. Chama-se primário, o câncer que se forma na própria membrana e secundário quando ele inicia em algum órgão da região - sobretudo intestinos, ovário, útero, estômago, pâncreas - e se implanta no peritônio.

SintomaS não são específicos, mas quando o CA primário no peritônio progride, favorece surgimento de nódulos, podendo causar dor abdominal e acúmulo de líquido. No secundário, o CA de outro órgão migra para peritônio provocando febre, fadiga e anemia

ADALMIR PONTEREPÓRTER

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