quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bairros com pior serviço de saúde têm mais AVCs

Bairros com pior serviço de saúde têm mais AVCs


A partir de outubro, uma das ações de combate à doença, previstas pela Secretaria da Saúde do Estado, é a abertura da Unidade de AVC no HGF (Foto: Cid Barbosa - 17/10/2006)
Estudo revela ainda que a doença matou, em 2006, 1.096 pessoas na Capital, sendo 614 mulheres e 482 homensO acidente vascular cerebral (AVC) é a primeira causa de morte em Fortaleza. E são nos bairros com pior estrutura de atenção à saúde que o AVC é mais incidente. Messejana, Centro e José Walter ocupam o topo da lista. São essas algumas das primeiras considerações do mais recente estudo, ainda em andamento, desenvolvido pelo Comitê Estadual de Doenças Cerebrovasculares. O primeiro trabalho epidemiológico, segundo o presidente, João José Carvalho, sobre a doença cerebrovascular no Ceará.Já quando se fala num perfil da doença no Estado, o presidente do comitê afirma que o Ceará deve ter 20 mil novos casos de AVC por ano que se juntam as cerca de 110 mil pessoas com seqüelas. A primeira fase da pesquisa, que fez um georreferenciamento de todos os casos de AVC ocorridos em Fortaleza no ano de 2006, revela também que a doença matou 1.096 pessoas, sendo 614 mulheres e 482 homens, nesse ano. A faixa etária de 76 a 80 anos foi a mais atingida, com 106 óbitos do sexo feminino e 78 do masculino.Os próximos passos, acrescenta Carvalho, é fazer um georreferenciamento dos registros de 2007 e iniciar um recenseamento diário dos casos com pesquisadores visitando hospitais. A idéia também, diz o pesquisador, é apontar, nas fases seguintes do estudo, quais são as deficiências na área de saúde dos bairros com maior incidência da doença. “Como a pesquisa permite saber em que bairros o AVC é mais incidente, possibilita também estudar as variáveis sociodemográficas que vão auxiliar no planejamento de ações preventivas”.A principal delas, destaca Carvalho, para combater o avanço do que o especialista prefere chamar de ataque vascular cerebral — “porque acidente dá muito a idéia de que não há o que fazer para evitá-lo” — será a abertura da Unidade do AVC no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), estimada para o início de outubro. Previsão da diretora do hospital, Níobe Barbosa, que contabiliza de 110 a 115 pessoas vítimas de AVC que dão entrada mensalmente na emergência do HGF.O presidente do Comitê Estadual de Doenças Cerebrovasculares prevê 400 atendimentos por mês, com oferecimento de tomografia, ressonância magnética e outros exames para diagnosticar o AVC e iniciar o tratamento. Com essa e outras ações, a pretensão é, nos próximos dez anos, diminuir a mortalidade por AVC em aproximadamente 30%. Feito em parceria entre a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e a Fundação Israelita Albert Einstein de São Paulo, a primeira fase do estudo foi apresentada no XXIII Congresso Brasileiro de Neurologia, em Belém.O secretário Municipal de Saúde, Odorico Monteiro, defende que ações também estão sendo desenvolvidas em nível de município para reduzir a mortalidade por doenças cerebrovasculares. Para ele, a grande questão da prevenção do AVC é o monitoramento da diabetes e da hipertensão. “Ampliamos o Programa de Saúde da Família, investimos na identificação precoce dos casos de hipertensão e no acompanhamento dos hipertensos por meio de atividades coletivas”, frisa o secretário. PESQUISA115 bairros de Fortaleza foram representadosResponsável pela morte de células nervosas da região cerebral atingida, o AVC pode se originar de uma obstrução de vasos sangüíneos, o chamado acidente vascular isquêmico, ou de uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico. No estudo, 115 bairros de Fortaleza foram representados, sendo os dez de maior incidência de AVC: Messejana, Centro, José Walter, Bom Jardim, Barra do Ceará, Aldeota, Álvaro Weyne, Conjunto Ceará, Antônio Bezerra e Mondubim.
Ludmila WanbergnaRepórter diario do nordeste

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