terça-feira, 12 de agosto de 2008

Hospitais sofrem com pacientes da atenção primária

REDE SECUNDÁRIA
Hospitais sofrem com pacientes da atenção primária

No centro dos problemas da rede de saúde, os hospitais secundários recebem pacientes da atenção primária, mas também enviam casos para a rede terciária
A demanda dos Frotinhas, hospitais secundários, também é grande e soma mais de 300 mil atendimentosDepois de melhorar os indicadores de mortalidade infantil, desnutrição e ampliar a cobertura do Programa Saúde da Família (PSF), a Capital e o Ceará como um todo têm um novo desafio: organizar a atenção secundária. Enquanto a primária era alvo de investimentos com a melhoria das unidades básicas de saúde, a secundária foi sendo deixada em segundo plano. As conseqüências disso podem ser vistas nos corredores dos hospitais, com a grande demanda de pacientes, muitos deles que deveriam ser atendidos na já organizada rede primária.Em Fortaleza, o grande volume de atendimentos não é exclusividade do IJF. Nos hospitais popularmente conhecidos como Frotinhas, os primeiros meses de 2008 também foram de intenso trabalho.Reunidos, os Frotinhas de Antônio Bezerra, Parangaba e Messejana já atenderam a mais de 300 mil pacientes. Número esse provocado também pelo surto de dengue na Capital, que fez do primeiro semestre um momento atípico nessas unidades de saúde.O Frotinha de Antônio Bezerra foi o que realizou o maior número de atendimentos de janeiro a junho, com 128.733 registros, mais, inclusive, que o próprio IJF. No entanto, é relevante destacar que o perfil dessas unidades distritais difere em termos de gravidade do Frotão. Nos Frotinhas, a demanda de pacientes vindos da atenção primária ainda é significativa, tanto que foi implementado o acolhimento com classificação de risco em todas essas unidades para facilitar o encaminhamento dos pacientes e agilizar o atendimento daqueles que se encontram em uma situação de risco.TransformaçãoNo entanto, isso não exime os hospitais secundários da sua parcela de responsabilidade pela ida de pacientes para o IJF. Conforme o coordenador da gestão hospitalar do Município, Messias Barbosa, é nítido que somente um hospital terciário em Fortaleza não está sendo suficiente. Diante disso, ele explica que uma das sugestões pensadas foi a transformação dos Frotinhas de Parangaba e Antônio Bezerra em hospitais terciários. “É uma alternativa viável e extremamente necessária”, concluiu.Os primeiros passos para a mudança estão sendo dados com a aquisição de novos equipamentos e obras de reforma e ampliação. As três unidades serão beneficiadas com mais de R$ 6 milhões em equipamentos, o que permitirá que o Frotinha de Messejana, por exemplo, realize cirurgias traumato-ortopédicas mais complexas no próximo semestre, desafogando um pouco o IJF.Uma outra situação que contribui para a superlotação dos hospitais da rede secundária é a chegada de pacientes de outros municípios na Capital. Maracanaú, Maranguape e Caucaia são os vizinhos que mais enviam pacientes -referenciados ou não - para Fortaleza. Mas há quem venha de mais longe em busca de um melhor atendimento na Capital.Foi essa a motivação da aposentada Diomar Domingos dos Santos, de 72 anos. Ela mora em Ocara, município localizado na região Norte do Estado, distante 82 km da Capital. A filha da aposentada, Edileuda Domingos dos Santos, mora em Fortaleza e decidiu levar a mãe para uma consulta no Frotinha da Parangaba. “Estamos esperando um traumatologista. Minha mãe levou uma queda há 15 dias e se consultou na cidade dela, mas ainda continua com problemas”, revelou.Messias Barbosa afirma que é difícil romper com essa cultura e não há contrapartida nenhuma de outros municípios no custeio desses pacientes, o que se pode fazer é manter o diálogo e cobrar dos outros municípios seu papel. FIQUE POR DENTROFrotinha da Parangaba terá o dobro de leitosAté dezembro, a emergência do Hospital Distrital Maria José Barroso, conhecido como Frotinha da Parangaba, deverá estar funcionando em um espaço duas vezes maior que o atual. O hospital passará a ter mais de 12 mil metros quadrados de área. A reforma e ampliação da unidade foram orçadas em R$ 3 milhões e 800 mil e têm como objetivo dotar o hospital de uma infra-estrutura que atenda aos próximos dez anos de trabalho, pois em 30 anos de vida, o equipamento só tinha passado por pequenas reformas. Dos atuais 60 leitos, o hospital passará a ter 120. Ainda em relação a investimentos, o Frotinha de Parangaba receberá também um tomógrafo, que proporcionará à unidade atender a casos mais complexos e identificar com mais precisão se podem ser atendidos lá ou então encaminhados para o IJF. O Frotinha de Parangaba atende a todos os tipos de trauma, exceto os cranianos, exatamente pela ausência do tomógrafo e da especialidade de neurocirurgia. A média de atendimentos mensal do Frotinha é de 20 mil e de janeiro a junho deste ano, a unidade atendeu a 119.486 pessoas, concentrando o maior número de atendimentos em janeiro, quando 21.853 pessoas passaram por lá.APOSTA DO GOVERNOUnidades no Interior desafogarão IJFEstado irá investir na construção de dois hospitais de alta complexidade no Cariri e em SobralGestores e especialistas são unânimes em afirmar que a solução para a superlotação do Instituto Dr. José Frota está na criação de mais hospitais terciários. Há quem aposte na construção de um novo hospital na Capital ou na transformação de hospitais secundários em terciários, mas, para o governo do Estado, a contrapartida para essa questão estará a quilômetros de Fortaleza, nas regiões Sul e Norte, onde dois hospitais serão construídos.Sobral e Juazeiro do Norte serão as cidades contempladas com as duas novas unidades do porte do IJF, com urgência e emergência 24 horas. Segundo o secretário executivo da Saúde do Estado, Arruda Bastos, o projeto de Juazeiro já está em fase de licitação e as obras deverão ser iniciadas em breve. A unidade do Cariri será vertical, enquanto a de Sobral terá uma estrutura horizontal, mas ambos oferecerão o mesmo tipo de assistência e ainda servirão como centros de formação profissional, já que nas duas cidades há cursos de Medicina em funcionamento.Paralelo a isso, serão construídos também 20 centros de especialidades médicas, espécies de policlínicas, em que a população encontrará exames indisponíveis no Interior. “Nós teremos suporte para exames como tomografia, endoscopia e mamografia”, exemplifica Bastos. Além disso, os hospitais do Estado localizados na Capital receberão melhoramentos e a expectativa é de que a tão aguardada reforma do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) fique pronta, com a finalização da nova emergência, em julho do próximo ano.Até lá, as outras unidades estaduais também passarão por reformas e ampliações. Mas o que deverá fazer a diferença no atendimento é mesmo a realização de consórcios intermunicipais para a gestão da saúde no Interior. Arruda Bastos explica que a região Nordeste não tem muita experiência na realização de consórcios e que o Ceará deverá dar um exemplo com seu modelo. Dessa forma, os gestores municipais poderão pactuar a prestação de serviços e ratear o custeio. É o que acontece com o Samu Litoral Leste, que é mantido por 14 municípios da referida área.“O consórcio cria uma filosofia de cooperação, pois muitos municípios, por si sós, não podem ter tudo”, frisou Arruda Bastos. Os primeiros consórcios em andamento serão pactuados no Maciço de Baturité, com a participação de oito municípios, em Sobral, que contará com 24 municípios, e em Tauá, com a adesão de quatro. “Temos que promover a interiorização da medicina na média e alta complexidade”, observou.Finalizando o investimento na saúde do Ceará, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) irá ampliar também a rede de assistência odontológica, com a abertura de mais 16 Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). Fazem parte ainda da rede estadual os 32 hospitais-pólos, onde são investidos cerca de R$ 4 milhões mensais para a urgência e emergência.
Naiana RodriguesRepórterBALANÇO MUNICIPAL128.733 pacientes foram atendidos no Frotinha de Antônio Bezerra de janeiro a junho deste ano119.486 atendimentos foram realizados no Frotinha de Parangaba no primeiro semestre de 200885.481 pessoas foram atendidas no Frotinha de Messejana nos primeiros seis meses deste ano20.000 é a média de atendimento mensal do Frotinha da Parangaba900 pessoas, aproximadamente, são atendidas por dia no Frotinha de Antônio Bezerra120 será o novo número de leitos do Frotinha de Parangaba depois da reforma e ampliação da unidade111.430 atendimentos foram registrados no IJF de janeiro até o dia 5 de agosto4.298 pessoas caíram da própria altura e foram atendidas no IJF até o dia 5 de agosto último3.000 acidentados de moto deram entrada no Frotão de janeiro a agosto de 20082.567 casos de queimaduras foram atendidos no Centro de Queimados do IJF8,7% foi a redução no número de atendimentos do IJF em relação ao período de janeiro a julho de 200783.000 é a meta de atendimentos anuais de um hospital terciário estipulada pela OMS

fonte: diario do nordeste

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